Mundo pesquisa 236 vacinas e já testa 16 em humanos, mas poucas têm chance de chegar ao Brasil, avaliam especialistas
Mundo
Publicado em 29/01/2021

O mundo tem 236 vacinas contra a Covid-19 em desenvolvimento e 16 estão na fase final de testes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A lista de candidatas que avançam em seus testes (veja abaixo) não significa que mais fornecedores podem enviar doses para o Brasil: especialistas alertam que regras sanitárias e a ausência de acordos podem prolongar a dependência do país das vacinas de Oxford e do Butantan.

Atualmente, há duas opções para que uma nova vacina contra a Covid-19 chegue aos brasileiros:

 

  • Compra direta pelo governo federal, que não tem acordos em fechamento com outras empresas; ou
  • Recebimento da vacina via Covax Facility, aliança coordenada pela OMS à qual o Brasil aderiu e que irá selecionar entrega entre 10 imunizantes monitorados pela organização.

 

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que somente pode haver liberação para uso emergencial de vacinas que já estejam em teste no país. E além disso, o país não tem novos acordos de compra fechados. Na avaliação de especialistas ouvidos pelo G1, o cenário indica que há pouca expectativa de que os avanços de Janssen, Curevac, Novavax e de outras entre as 16 candidatas acabem se traduzindo em mais doses nos postos de saúde.

Três possíveis fornecedores

 

Da lista de vacinas em testes, apenas as desenvolvidas pelas fabricantes Pfizer/BioNTech e Janssen/Johnson&Johnson foram aplicadas em voluntários no Brasil. Apesar disso, o país não tem contrato fechado com nenhuma dessas duas fabricantes. De acordo com o Ministério da Saúde, há apenas "memorandos de entendimento".

O governo federal monitora o status da vacina russa Sputnik V, que ainda não está sendo testada em voluntários brasileiros, mas há uma negociação para que isso ocorra com apoio da empresa União Química. O governo da Bahia espera comprar 50 milhões de doses da vacina russa.

Especialistas cobram ação do governo

 

Para Carla Domingues, epidemiologista e ex-coordenadora do Plano Nacional de Imunizações (PNI), o governo precisa priorizar a negociação com Pfizer e Janssen, e além disso ela questiona a exigência da Anvisa que condiciona o uso emergencial aos testes no país.

"O ministério tem que negociar, no mínimo, com esses que já têm estudos aqui no Brasil, é inadmissível ter estas vacinas à disposição para compra e negar. A Pfizer vendeu para mais de 50 países. Cabe ao ministério responder por que todo mundo conseguiu comprar e a gente não", afirma Domingues.

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