Uma vacina experimental para o coronavírus se mostrou eficaz e protegeu camundongos de desenvolver uma pneumonia depois de ser infectados pelo Sars-Cov-2, segundo um estudo preliminar publicado no site da revista "Cell Host and Microbe".O estudo foi antecipado pela publicação por conta da sua importância, mas já foi validado por outros cientistas e editores da revista científica na chamada peer review (revisão por pares). Ele deve entrar na edição impressa de setembro. "Ao contrário de muitas das outras vacinas em desenvolvimento, esta baseada em um vírus que é capaz de se espalhar de forma limitada dentro do corpo humano, o que significa que é provável que gere uma forte resposta imunológica", disse Michael Diamond, um dos autores do estudo. Outro dos pesquisadores defendeu que o conceito é promissor. Herbert Gasser disse em um comunicado que a candidata à vacina já é testada em outros modelos animais e que eles esperam colocá-la em testes clínicos –com humanos– "o mais rápido possível".
Geneticamente modificada
A vacina é feita a partir de um vírus enfraquecido que foi modificado para transportar um pedaço do material genético do coronavírus. Os pesquisadores da Universidade de Washington acreditam que a imunização será capaz de produzir uma "forte resposta imunológica" Para criar a vacina, os cientistas usaram o vírus da estomatite vesicular (VSV), um vírus capaz de causar apenas uma leve infecção nas pessoas. Eles trocaram um pedaço do código genético do VSV pelo material da proteína S do Sars-CoV-2, criando um híbrido que chamaram de VSV-Sars-CoV-2.
É a proteína S, que forma a coroa, dando ao vírus sua forma única. Estes espinhos permitem ao vírus se conectar às células das mucosas e infectá-las, para começar a sua duplicação. A ideia é que ao entrar em contato com o híbrido, possa se produzir anticorpos contra estes espinhos. Após a exposição, vacina pareceu evitar danos aos pulmões dos animais e impediu o vírus de criar cópias de si mesmo. A vacina experimental ainda está nos estágios iniciais de desenvolvimento. Em todo o mundo há mais de 160 vacinas para a Covid-19 sendo estudadas e ao menos 6 delas na fase final de testes em humanos.
Etapas da vacina
Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam percorrer diversas etapas. Entre elas está a pesquisa básica – que é o levantamento do tipo de vacina que pode ser feita.
Depois, passam para os testes pré-clínicos, que podem ser in vitro ou em animais, para demonstrar a segurança do produto; e depois para os ensaios clínicos, que podem se desdobrar em outras quatro fases:
· Fase 1: feita em seres humanos, para verificar a segurança da vacina nestes organismos
· Fase 2: onde se estabelece qual a resposta imunológica do organismo (imunogenicidade)
· Fase 3: última fase de estudo, antes de se obter o registro sanitário. *G1— Foto: CDC/Unsplash