Após morte do irmão com Covid-19, empresário de SP arrecada R$ 21 mil para fabricar e doar máscaras a profissionais de saúde.
Brasil
Publicado em 24/04/2020

No último dia 28 de março, o empresário Ronaldo Isola, de 54 anos, perdeu o irmão mais velho para o coronavírus. Portador de diabetes e obesidade, Roberto Antônio Isola, de 63 anos, contraiu o vírus ao se internar em um hospital de Santo André, na Grande São Paulo, para realizar uma cirurgia do sistema digestivo. Em menos de uma semana, o quadro de Roberto piorou, evoluindo para a entubação em uma UTI e, poucos dias depois, ao óbito. Naquele dia, o estado de São Paulo ainda vivia o início da pandemia do coronavírus, com 84 mortes contabilizadas. Os sistemas funerários de várias cidades ainda não tinham um protocolo de sepultamento de mortos pelo vírus e, portanto, hospitais e cemitérios de vários municípios ainda não sabiam como direcionar o enterro de vítimas da doença. A consequência é que Ronaldo Isola teve que enterrar o irmão apenas três horas depois de receber a notícia do falecimento dele. “Foi uma experiência muito dolorosa. Eu tive que dar a notícia da morte para a minha mãe e correr para fazer o sepultamento dele sem ela saber, porque não podia participar, já que faz parte do grupo de risco. A minha própria cunhada, esposa dele, também não pode ir porque estava em casa de quarentena. Você imagina a dor dela, ao viver 24 anos casada e nem poder dar adeus ao esposo?”, lembra Ronaldo.

Por causa da pressa na realização do enterro, o caixão lacrado de Ronaldo não coube no jazigo destinado à família e o irmão teve que tomar a decisão de cremar o corpo. “Voltei para casa, pedi autorização da Rose e cremamos ele. O mais duro foi ver que meu irmão, que era querido por tudo mundo, tinha muitos amigos em todos os lugares, no enterro dele só tinham oito pessoas da família. Aquilo me doeu muito porque, um mês antes, ele deu uma festa de aniversário de 63 anos para mais de cem pessoas, em comemoração também aos 90 anos da nossa mãe. O sepultamento dele com aqueles coveiros todos com roupas especiais, a família tendo que manter distância, sem nem poder se abraçar, vai ficar marcado para sempre como uma dor imensa na minha vida”, desabafa o empresário.*G1 — Foto: Acervo Pessoal

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