Uma grávida de 7 meses passou a madrugada desta quarta-feira (22) na porta da agência da Receita Federal em Madureira, na Zona Norte do Rio, para conseguir regularizar o CPF e ter acesso aos R$ 600 do auxílio emergência do governo federal.
Dona Rosi, que trabalhava passando roupa antes da pandemia do coronavírus, chegou às 18h de terça-feira (21) para conseguir atendimento no dia seguinte. Com gravidez de risco, ela conta que não conseguiu dormir durante a noite, preocupada.
"Humilhante, muito humilhante mesmo. Dependendo dos outros para ficar com a minha filha de três anos. Uma criança que precisa de medicamento. Deixei minha filha com uma outra filha minha para vir para cá ontem meio-dia. Cheguei aqui era 18h, tô aqui até agora. Não dormi, me sentindo mal por causa da minha filha e tô aqui esperando para regularizar o CPF", relata Dona Rosi. Assim como diversos contribuintes que também aguardavam atendimento na sede da Receita em uma extensa fila às 6h desta quarta (22), Dona Rosi disse que tentou regularizar o documento pela internet, mas que não conseguiu retorno. Nas agências da Caixa Econômica Federal, também havia longas filas na manhã desta quarta-feira (22). Por volta das 7h30, muitos aguardavam na porta da agência em Ramos, também na Zona Norte. Na mesma região, pessoas se aglomeravam em filas que dobravam duas esquinas para esperar atendimento na agência da Caixa em Bonsucesso, na Rua Cardoso de Moraes, às 8h20. Na segunda-feira (20), o presidente da Caixa Econômica Federal anunciou a antecipação do pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial.
As filas nas agências da Receita Federal e da Caixa Econômica do Rio de Janeiro e também de outros estados brasileiros se repetem desde o dia 13 de abril por pessoas em busca de regularização do CPF e recebimento do auxílio emergencial.
Grande parte dos contribuintes que passam a noite nas calçadas das agências para conseguir atendimento é de idosos, pessoas que fazem parte do grupo de risco da Covid-19. Um dos casos relatados foi do mestre de obras Raimundo Nonato, que aguardou por 17 horas na rua para conseguir regularizar o documento.*G1— Foto: Reprodução/TV Globo