"O mais gratificante para mim é saber que além de ajudar a minha família, eu também estou ajudando outras pessoas".
É o que Maria Paulina sente, ao lado de outras 63 mulheres, ao fazer parte do projeto "Heróis Usam Máscaras" em Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo. Na última quarta-feira (1º), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que máscaras simples, feitas em casa, devem ser usadas por qualquer pessoa como forma de diminuir o risco de contaminação por coronavírus. E reforçou que as cirúrgicas, já em falta, devem ser exclusivas dos hospitais. Após o pronunciamento, a procura pelas máscaras aumentou ainda mais. Por conta disso, uma parceria entre o Instituto Bei, União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (Unas) e o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS), responsável pela administração das Etecs de São Paulo, iniciou a produção em massa de máscaras de pano para distribuir para a população de Heliópolis. O projeto, com apoio de instituições privadas e do governo estadual, contratou 64 costureiras que moram no bairro para trabalhar 8 horas por dia de forma remunerada, 50 delas em regime de home office. O restante, que não tem máquinas de costura para trabalhar em casa, está exercendo a função em uma carreta estacionada na Etec Heliópolis. Cada costureira recebe cerca de R$ 100 por dia. Outros bairros das periferias do estado de São Paulo também estão produzindo máscaras para a distribuição. Ao todo, são 5 carretas em diferentes regiões do estado. Para a aposentada Maria Paulina, de 66 anos, a iniciativa é uma forma de ela se sentir útil ajudando a comunidade. Assim como a maioria das mulheres que estão trabalhando na iniciativa, ela mora com os dois filhos e é a principal fonte de renda da família. Com a oportunidade, Maria afirma que irá conseguir pagar as contas e sustentar a família neste mês. "Olha eu estou me sentindo útil e extremamente grata por ajudar uma população que precisa tanto. E isso acaba me ajudando também enquanto a crise não passa. É uma iniciativa muito importante e maravilhosa para a população de Heliópolis", afirma Maria.
A meta de cada contratada é a de produzir 48 máscaras por dia. Diariamente são produzidas 3.072 somente em Heliópolis.
Salete Barboza, de 48 anos, é autônoma e trabalha como mecânica de máquinas de costura. Com a crise do coronavírus ela conta que estava sem clientes e consequentemente sem renda para sustentar a família. Salete mora com a esposa, que está desempregada, e a enteada de 6 anos. "Esse projeto caiu como uma mão na roda. Antes de começara costurar eu já estava em desespero sem saber como ganhar dinheiro para sustentar a casa e pagar as contas no fim do mês. Agora eu me acalmei e estou rezando para que isso passe logo e tudo possa se normalizar". "Eu sempre frequento a Unas em busca de algum curso, alguma coisa para fazer e as meninas me contaram sobre o projeto e como eu já conheço o funcionamento da máquina resolvi me candidatar", afirma Salete. As mulheres que entraram no projeto foram convidadas por whatsapp e a equipe já está formada. Por enquanto, não existe a possibilidade de montar novas turmas para produção. Aquiana Mendes, de 26 anos, uma das coordenadoras da equipe que atua na carreta, afirma que no local de trabalho foram adotadas medidas rígidas de higienização para evitar o risco de contaminação. "Todas as máquinas estão dividas com plástico cirúrgico, cada costureira tem seu álcool gel e um pacote de papel para realizar a higienização individual do seu espaço". Segundo ela, todo dia após o horário de almoço uma equipe de limpeza realiza a higienização completa na carreta. Somente após esse procedimento as costureiras voltam a produzir. Os panos utilizados para a produção das máscaras também são individualizados. "Aqui na carreta, até o fim do mês a nossa intenção é entregar até 10 mil máscaras. Estamos produzindo mais de 600 por dia", informa Aquina.*G1— Foto: Douglas Cavalcante/ Unas Heliópolis