O médico italiano Giampiero Giron, de 85 anos, professor emérito da Universidade de Pádua, no norte da Itália, tomou uma decisão nobre e extremamente corajosa em meio à pandemia do novo coronavírus. Na Itália, que já tem mais de 11,5 mil mortos e 101,7 mil contaminados pela Covid-19, Giron, que estava aposentado, decidiu voltar à ativa para ajudar no tratamento de pacientes. As informações são do jornal Corriere della Sera. Médico famoso, o anestesiologista, que participou da primeira cirurgia de transplante de coração na Itália, em 14 de novembro de 1985, completa 86 anos em dezembro e, mesmo parte do grupo de risco, voltou ao hospital para ajudar outros profissionais de saúde. "Há algumas semanas, um chefe de Pádua me telefonou perguntando se, caso fosse necessário, a saúde pública poderia contar com a minha experiência. Desde aquele dia, vivo com meu celular sempre à mão. Eles podem me ligar a qualquer momento e eu, no caso, estou pronto para ir. Considero um dever, independentemente da idade, e os médicos podem fazer a diferença nesta fase. Meu juramento de Hipócrates, de muitos anos atrás, nunca perde a validade", disse ele. Nascido em Pádua e criado em Veneza, Giron é fundador do Instituto de Anestesiologia e Reanimação da Universidade de Pádua, além de ser o diretor-médico do hospital Villa Salus. Desde 2010, Giron trabalha como professor e, nos últimos anos, entra na sala de cirurgia apenas em casos específicos que exijam sua experiência. "Sei que os mais expostos a complicações devido ao coronavírus são os idosos, mas estou com boa saúde e, mesmo que não tenha muito a ver com isso, tomo a vacina da gripe todos os anos. Eu não tenho medo, mesmo que situações epidêmicas sejam sempre muito difíceis de lidar", explicou o médico. "Não sou virologista, mas quero pensar que o aumento natural das temperaturas associado à sazonalidade tem um efeito negativo sobre o vírus, ajudando a diminuir sua agressividade", acredita ele que, com a chegada do verão na Itália, o surto na Itália tenha seu fim. "Desta vez, a guerra é contra um inimigo invisível. Você tem que dar tudo, sempre, até o fim. Eu me formei em 1961 e acredito que os que trabalham em hospitais devem se sacrificar o quanto for necessário para salvar os doentes", disse. Ele ainda encerra a entrevista dizendo que não se considera um herói e nem incentiva outros médicos idosos a tomarem a mesa atitude. "Não julgo quem pensa de outra maneira. Uma coisa que eu entendi na minha idade foi: não há nada pior do que forçar alguém que não quer entrar em uma sala de cirurgia.’’*G1Foto: Divulgação/Corriere della Sera