BRASILEIRO EM WUHAN: 'SAIR DA CHINA POR CAUSA DE EPIDEMIA SERIA DESISTIR DE UM SONHO'.
Mundo
Publicado em 11/02/2020

Deixar a cidade de Wuhan, capital da província de Hubei na China — epicentro do surto do novo coronavírus — se tornou uma emergência para os brasileiros e outros milhares de estrangeiros imersos em uma crise de saúde global que ainda está longe do fim. Mas para o estudante Miguel Manacero, de 18 anos, embarcar no avião da Força Aérea Brasileira que levou de volta ao Brasil 34 brasileiros significava abandonar "o sonho chinês" alimentado desde a infância. "Voltando para o Brasil eu estaria abrindo mão de um sonho", conta Mancero à BBC News Brasil. "Não foi fácil ficar aqui (…) eu não tinha certeza do que eu ia fazer até o último minuto, que foi quando eu decidi ficar." Miguel Manacero deixou a cidade de Guapiaçu no interior paulista em agosto do ano passado para aprender mandarim na Universidade de Hubei, idioma que ele começou a estudar aos 12 anos. O interesse pela China surgiu com o kung fu, arte marcial que ele pratica desde a infância. "Meu sonho começou quando eu tinha nove anos e comecei a ter contato com a China por meio do kung fu", relata. O jovem brasileiro afirma que deixar a China poderia comprometer o término do curso de mandarim, qualificação que pode ajudá-lo a conseguir uma bolsa de estudos para um curso de graduação na Universidade de Hubei. "Minha mãe disse que se eu voltasse para o Brasil ela não saberia quando me mandaria de volta à China", disse. Sem saber como, nem quando, poderia retomar os estudos em Hubei, Manacero optou por arriscar e permanecer em Wuhan apesar do alto risco de infecção. "Tento não pensar muito (no contágio), mas sei que o risco é grande", afirma. A embaixada brasileira na China deu um prazo para a /comunidade no local decidir se embarcaria ou não de volta ao Brasil. "Meus pais me apoiaram. Foi algo que pensei muito e tive bastante dificuldade para decidir", relata. Manacero admite que sentiu "bastante medo" em ficar pela incertezas relacionadas à expansão do vírus. A epidemia já matou 1.013 pessoas (11/02). Apenas na segunda-feira, 108 pessoas morreram em consequência do vírus, o maior número de mortes já registrado em um dia desde o início do surto, em dezembro. A letalidade do coronavírus já supera a da epidemia provocada pelo Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) — também originado na China — que matou 774 pessoas ao redor do mundo em 2003.*G1 Foto: Reprodução

 

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