Entrou em vigor na China uma medida do governo que obriga consumidores a fazer cadastro biométrico em um sistema de reconhecimento facial para aquisição de um chip de celular. Como muitos serviços on-line na China exigem o número de celular, a regra deve facilitar o rastreamento dos cidadãos no país. Os chineses já tinham de fornecer um documento de identidade ou passaporte para solicitar um chip, como em outros países. A mudança não deve dispensar a exigência de documentos. O governo afirmou que a regra deve proteger os cidadãos de fraudes envolvendo a telefonia móvel, além de impedir a revenda de chips para inibir atividades terroristas e o cibercrime. Embora a medida tenha atraído diversas críticas — inclusive dos próprios chineses —, a China não é a única a apostar nessa tecnologia. O Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos anunciou planos realizar o reconhecimento facial de todos os passageiros de aviões — inclusive cidadãos norte-americanos, que normalmente ficam de fora das medidas de segurança mais invasivas. A China, porém, já está testando outra tecnologia ainda mais recente: a reconstrução facial a partir de amostras de DNA. De acordo com uma reportagem do "New York Times", a técnica está sendo testada nos povos uigures, uma etnia islã minoritária que enfrenta perseguição do governo chinês. Especialistas advertem que a tecnologia ainda é muito nova e que erros são inevitáveis, principalmente porque o rosto não é definido apenas pelo DNA.
É improvável que esses impasses sejam uma preocupação para os chineses. Os uigures são os mesmos que sofreram ataques de espionagem governamental contra celulares iPhone.
De acordo com a Anistia Internacional, os uigures sofrem com uma "discriminação generalizada" na China, com restrições ao acesso à educação, habitação e liberdade religiosa.*G1 — Foto: REUTERS/Thomas Peter