Na Sérvia, uma equipe médica realizou o terceiro transplante de testículos da história. O procedimento foi realizado entre irmãos gêmeos de 36 anos: o doador, que nasceu com o escroto completo, doou uma das gônadas ao irmão, que nasceu sem nenhuma. Segundo o The New York Times, as outras duas vezes que um procedimento do tipo foi realizado foi na década de 1970 — e também entre gêmeos idênticos. Além da produção de hormônios, o testículo doado permite que o receptor tenha filhos. Coordenador Especial da Diversidade Sexual do Rio, Nélio Georgini afirma que a história de Glauco é inspiradora e precisa servir de exemplo para outros trans que lutam pelos seus direitos.– É uma história de vida que vale a pena ser contada e ouvida. São anos de reivindicações por inclusão, respeito, e lutas por direitos. Cada LGBT sabe exatamente o que é uma batalha diária contra o preconceito. Para a comunidade trans a luta é ainda mais difícil, por isso, é nosso dever lutar juntos – reitera Georgini. Dicken Ko, médico que acompanhou o caso na Sérvia, explicou que transplantar testículos entre gêmeos idênticos é possível porque, como o DNA é praticamente igual, os filhos terão a mesma carga genética que receberiam do pai. Caso o transplante ocorresse entre pessoas de DNAs diferentes, e o receptor tivesse um filho, "a criança seria tecnicamente de quem?”, questionou o especialista. “Isso gera muito debate na literatura de ética médica.” Então, por mais que casos como o dos irmão sérvios tragam esperanças para homens transexuais, ainda há uma série de questões éticas a serem debatidas antes de procedimentos do tipo se tornarem populares. Ainda assim, casos do tipo trazem esperanças para pessoas que estejam na mesma situação que os irmão idênticos. De acordo com os especialistas, a cirurgia é delicada, pois os médicos têm pouco tempo para realizar o procedimento sem prejudicar a gônoda que está sendo transplantada. "Depois de remover o testículo do doador, o relógio começa a andar muito rápido", disse Branko Bojovic, especialista em microcirurgia da Escola de Medicina da Universidade Harvard que integrou a equipe de cirugiões de um dos gêmeos, ao The New York Times. "Dentro de duas a quatro horas, é preciso fazer o sangue atravessar o órgão e voltar a funcionar."*G1