Recém-nascida passa por cesariana para remover sua irmã gêmea parasita.
Mundo
Publicado em 27/11/2019

 

A pequena Itzamara virou notícia na cidade de Barranquilla, na Colômbia, antes mesmo de nascer. Isso porque, quando ainda estava no útero de sua mãe, os médicos detectaram a existância de uma irmã gêmea parasita em seu abdômen. Essa condição é conhecida como fetus in fetu (FIF) e é extremamente rara, ocorrendo em apenas 1 a cada 500 mil nascimentos. Por isso, quando casos como esse acontecem, acabam ficando conhecidos no mundo inteiro. Em agosto de 2019, o British Medical Journal relatou o caso uma indiana de 17 anos que foi parar no hospital após sentir dor abdominal — e os médicos descobriram a irmã, que crescia em seu abdômen desde que a jovem havia nascido. Além da paciente indiana, apenas sete outros casos foram registrados em adultos, sendo a pessoa mais velha diagnosticada com 47 anos. Ainda assim, o caso de Itzamara é único: ela foi a primeira criança que teve a condição detectada enquanto ainda estava no útero, antes de nascer. Miguel Parra-Saavedra, obstetra da mãe, contou em entrevista ao Los Informantes que "não tinha um caso tão difícil há dois anos, quando os bebês afetados pelo vírus da Zika apareceram". Como contou ao The New York times, foi durante um ultrassom que Parra-Saavedra notou uma massa abdominal peculiar no útero da grávida, o que o fez pensar que ela tivesse um cisto no fígado. Entretanto, exames mais sofisticados mostraram a existência de dois cordões umbilicais: um que ligava a mãe à Itzamara, e outro que conectava a bebê a uma massa formada dentro dela. "Neste caso, temos uma situação positiva, porque o segundo feto é muito pequeno e demanda pouca energia. Ele só tem 10 gramas, enquanto o bebê tem 3 quilos", afirmou o profissional ao Los Informantes. Ainda de acordo com ele, o maior risco da cirurgia era garantir que nenhum outro órgão seria afetado. Realizar o procedimento de remoção do gêmeo parasita é essencial em casos como esse, pois o feto pode prejudicar o crescimento da criança e colocar sua saúde em risco. No caso da indiana de 17 anos, por exemplo, o feto se tornou um teratoma, que um tumor composto por vários tipos de tecido, como cabelo, músculo, dentes e ossos. Os sintomas são principalmente inchaço e dor no local – em alguns casos, pode ser malígno. Segundo Parra-Saavedra, quadros como o de Itzamara ocorrem quando dois fetos compartilham a mesma placenta durante uma gravidez, como em qualquer outro caso de gestação de gêmeos. Entretanto, com o tempo, as células de um bebê "envolvem" o outro, tornando-os uma coisa só.  Isso faz com que o irmão absorvido se torne um parasita, usando o suprimento de sangue e a energia do gêmeo hospedeiro para sobreviver. Nos casos de FIF, o feto não possui os órgãos necessários para sobreviver sozinho, além de ameaçar a vida do irmão por "roubar" os recursos nutritivos compartilhados entre mãe e bebê pelo cordão umbilical. "Era possível ver as duas pernas, os dois braços, e uma cabeça pequenina. Mas não tem coração ou cérebro, o que significa que ele se alimentava atrvés do cordão umbilical da irmã", afirmou o médico.  Assim que nasceu, Itzamara foi preparada para a cirurgia de remoção da gêmea parasita e, felizmente, após duas horas o procedimento já havia sido realizado e ela passava bem. Agora, a criança se recupera em companhia dos pais e dos dois irmãos mais velhos.*G1

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