Jovem com paralisia cerebral supera limitações e faz Enem para manter sonho de cursar faculdade.
Brasil
Publicado em 06/11/2019

Sem se mover, com dificuldades de fala e dependente 24 horas da ajuda de alguém. Quando nasceu com paralisia cerebral, poucos poderiam esperar que o jovem amapaense Mateus Ribeiro, de 20 anos, fosse tão longe. Hoje, prestes a concluir os estudos, fez no domingo (3) o 1º dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O objetivo é cursar pedagogia ou jornalismo, e quem disse que não pode? Por si só e com a ajuda da mãe, da irmã e do cuidador, que passaram a sonhar os mesmos sonhos que ele, Mateus está indo longe, e principalmente, virou exemplo. Assim como muitos jovens – iguais a ele, sem distinção – usou a internet para levar sua mensagem ao mundo. Através de um canal no YouTube mostra parte de sua rotina, que inclui palestras para crianças e adolescentes, os ideais e até uma peça que escreveu sobre acessibilidade. As mensagens de Mateus têm sempre o mesmo objetivo: fortalecer a igualdade, a empatia e perseverança. A força de vontade em seguir buscando seus ideais contagiou todos ao seu redor. "Não importa o tamanho da sua dificuldade, você deve estar pensando 'lá vem aquele discurso pacificado', mas existiu uma pessoa que foi a mais pacificadora: Jesus Cristo. E que morreu por todos nós. Se você acha que a sua dificuldade é muito grande, todos nós temos, mas olhe para o seu próximo, assim como Jesus", orienta o estudante. A fala às vezes falha, mas a mensagem do jovem é facilmente entendida: a da superação. Vivendo numa casa simples no Conjunto Mestre Oscar, na Zona Norte de Macapá, todos os dias ele vai de ônibus para a escola Gabriel de Almeida Café, no Centro. Confira parte do espetáculo "Dança Átomo", idealizado por Mateus e encenado para mais de 800 pessoas na plateia do Teatro das Bacabeiras, em 2017: Para isso, o apoio da família é fundamental, segundo ele. Com apenas 3 meses de expectativa de vida dados após o nascimento, ele celebra a longevidade e torce que por uma sociedade mais tolerante. "No momento conturbado como o nosso, ainda existem pessoas boas. Agradeço por ter tido uma criação boa, não foi a suficiente, mas foi a perfeita que a minha mãe e minha irmã puderam dar para mim", conta Mateus. Para a mãe Eliana Barros, de 56 anos, é sempre emocionante lembrar a trajetória para criar os dois filhos, em especial Mateus. Ela diz só agradecer a todos que contribuíram durante toda a vida dele, e que possam, ainda mais, comemorar as conquistas. "Médico disse que ele iria vegetar e morrer logo depois. Ver ele fazendo o que faz sem a gente mandar e compartilhando as experiências com outras pessoas, que passam pelas mesmas dificuldades, sempre com alegria. Ele sempre acorda com sorriso no rosto, ele é muito feliz", relata, feliz a mãe.*G1 — Foto: John Pacheco/G1

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