Com mais de 60 larvas dentro da própria cabeça, um morador de rua deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Peruíbe, no litoral de São Paulo, após ser resgatado por equipes da Guarda Municipal da cidade. Na unidade, além do tratamento médico contra a enfermidade, o paciente recebeu também um 'dia de beleza' e voltou para a casa de seus familiares. O médico Bruno Chehade Pereira foi quem recebeu o morador de rua na UPA. Em entrevista ao G1 nesta quarta-feira (6), ele explicou que, quando recebeu o rapaz, também identificado como Bruno, não imaginava que ele se encontrava com berne avançada, uma infestação na cabeça causada pela larva da mosca Dermatobia hominis. "Um amigo meu da Guarda Municipal me ligou pedindo ajuda. Ele perguntou se poderia mandar o morador de rua para a UPA pois ele estava muito mal. Eu disse que não tinha problemas. Achamos que seria só para dar um trato nele, cortar cabelo, dar um banho, mas quando começamos o corte vimos que tinha muito piolho e começou a sair uma secreção do couto cabeludo", relembra. A ideia era fazer um corte de cabelo 'bacana', mas ao constatar o quadro de berne, o médico precisou raspar todo o cabelo do paciente para ver a gravidade. Segundo ele, as larvas estavam 'comendo' o couro cabeludo do homem. Foi então que a equipe inseriu uma medicação para que as larvas saíssem de dentro da cabeça do morador de rua e pudessem ser retiradas.
"Foi um trabalho manual. A equipe de enfermagem tirou uma a uma. No total, foram 62 larvas que tiramos uma a uma com a pinça. Depois disso, acolhemos ele, fizemos a internação e continuamos acompanhando. Demos banho, tratamos e conseguimos encontrar a família para que eles viessem buscá-lo", diz. Cinco pessoas, entre Guarda Municipal, médicos e enfermeiros, trabalharam no 'mutirão' para que o morador de rua tivesse o seu 'dia de beleza'. Segundo Chehade, foram cinco horas fazendo o tratamento da doença, dando banho e cortando o cabelo. Depois de retirar as larvas e passar pela 'repaginada', Bruno voltou para a casa da família, que mora em Peruíbe. Ele recebeu alta e continuou tomando antibiótico. Segundo apurado pelo G1, ele é alcoólatra e cata latinhas nas ruas da cidade para sobreviver.*G1 — Foto: Bruno Chehade/Arquivo pessoal