Caso ferro-velho: Polícia Civil reforça buscas por desaparecidos após denúncia de local onde corpos podem ter sido descartados
Bahia
Publicado em 06/12/2024

A Polícia Civil recebeu uma denúncia de que os corpos de Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz teriam sido descartados na represa da Barragem do Cobre, no bairro de Pirajá, em Salvador. Os rapazes estão desaparecidos desde o dia 4 de novembro, quando foram vistos pela última vez no ferro-velho onde trabalhavam.

dono do empreendimento, Marcelo Batista da Silva, é considerado suspeito do crime. Antes do desaparecimento dos jovens, ele havia acusado os dois de furto de alumínio. A Justiça decretou a prisão preventiva dele, mas o homem está foragido.

Com isso, a Polícia Civil ampliou as buscas pelos rapazes, concentrando esforços na represa da Barragem de Cobre. “Com a certeza da investigação de que Marcelo frequentava esse local, tinha atuado, inclusive arrecadando material desse local. Portanto, Marcelo conhecia esse terreno, ele frequentava esse terreno”, destacou o delegado José Nelis Araújo, à frente da operação.

 
Polícia Civil e Corpos de Bombeiros procuram jovens desaparecidos no caso ferro-velho — Foto: Ascom/Marcelo Correia

Polícia Civil e Corpos de Bombeiros procuram jovens desaparecidos no caso ferro-velho — Foto: Ascom/Marcelo Correia

Mergulhadores do Corpo de Bombeiros trabalham na área para verificar a informação. A operação envolve cinco equipes, incluindo 20 policiais civis do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP).

 

As suspeitas em torno de Marcelo

 

Embora a Polícia Civil acredite no envolvimento de outras pessoas no desaparecimento de Paulo Daniel e Matusalém, a instituição entende que Marcelo é o principal responsável. "Em outros crimes, ele pode ter participado como mandante. Mas, nesse crime, a Polícia Civil tem trabalhado na informação de que ele seria um dos executores", ressaltou o delegado.

 

"O que nós percebemos, no curso da investigação, é que Marcelo Batista parece que banaliza o mal. Temos uma série de denúncias, inclusive de trabalho análogo à escravidão".

 

 

De acordo com Nélis Araújo, o dono do ferro-velho tinha um modus operandi: ele procurava unidades policiais, registrava denúncias contra os funcionários e depois cometia os crimes.

Ele já era investigado por:

 

  • duplo homicídio;
  • tentativa de homicídio;
  • envolvimento com milícia e facção criminosa;
  • e responde por violência doméstica contra a ex-mulher.

 

Na Justiça do Trabalho, Marcelo responde ainda nove processos que estão em tramitação. Outros 60 foram arquivados. As acusações abordam descumprimento de pagamento de salário, horas extras, assédio sexual e tortura.

Jovens desapareceram após saírem para trabalhar — Foto: Reprodução/TV Bahia

Jovens desapareceram após saírem para trabalhar — Foto: Reprodução/TV Bahia

A suspeita do envolvimento do empresário no crime foi denunciada pelas famílias dos jovens, que relataram que Marcelo havia acusado Paulo Daniel e Matusalém de furto.

 

Ao longo das investigações, o carro do suspeito foi periciado. O veículo foi encontrado em uma loja especializada em veículos de alto patrão, na cidade de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Avaliado em R$ 750 mil, o carro foi deixado no local por outro homem, que solicitou a troca dos bancos alegando ter adquirido o bem com alguns pontos de sujeira.

A Polícia Civil informou que a suposta sujeira pode se tratar de vestígios de sangue dos rapazes.

 

O que disse o suspeito

 

Marcelo é dono do ferro-velho onde jovens trabalhavam e está foragido da Justiça — Foto: Redes sociais

Marcelo é dono do ferro-velho onde jovens trabalhavam e está foragido da Justiça — Foto: Redes sociais

A versão dada pelo empresário, em 8 de novembro, antes de ter o mandado de prisão expedido, é que teve cinco toneladas de fardo de alumínio furtados nos últimos dois meses e que conseguiu recuperar 500 quilos em 3 de novembro, após seguir o caminhão usado no crime.

Segundo ele, no dia 4 de novembro, enquanto registrava ocorrência policial contra um terceiro funcionário, que não teve o nome divulgado, Paulo Daniel e Matusalém foram flagrados em outro furto à empresa. Marcelo Batista ainda informou que planejava ligar para a polícia, para fazer um flagrante no dia seguinte e recuperar a carga roubada. No entanto, os jovens não apareceram para trabalhar e nunca mais entraram em contato.
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