Irmãos percussionistas do Malê Debalê morrem após ataque a tiros com quatro pessoas baleadas na Bahia
Bahia
Publicado em 08/10/2024

Um ataque a tiros terminou com quatro pessoas baleadas na noite de segunda-feira (7), no Emissário de Arembepe, destino turístico de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Dos quatro feridos, dois morreram: são irmãos que tinham 15 e 21 anos e eram percussionistas do bloco afro Malê Debalê.

De acordo com a Polícia Militar, o adolescente Gustavo Natividade foi encontrado morto dentro de uma barraca. Já o jovem Daniel Natividade dos Santos teve o óbito constatado depois, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Arembepe.

 

 

Irmãos percussionistas do Malê Debalê morrem após ataque a tiros com quatro pessoas baleadas na Bahia — Foto: Arquivo Pessoal

Irmãos percussionistas do Malê Debalê morrem após ataque a tiros com quatro pessoas baleadas na Bahia — Foto: Arquivo Pessoal

As duas pessoas que ficaram feridas são uma adolescente de 17 anos e um jovem de 24. Os dois estão internados na UPA de Arembepe e não correm risco de morte.

A produção da TV Bahia apurou que as quatro vítimas moram no bairro de Itapuã, em Salvador, e estavam na localidade a passeio, em uma pequena excursão que contou com 150 pessoas, divididas em três ônibus.

Os familiares dos irmãos contaram que Gustavo não queria ir para o passeio e chegou a pedir o dinheiro de volta. Como não seria ressarcido, resolveu acompanhar o irmão, para que ele não fosse sozinho.

 

Além de tocar instrumentos no Malê Debalê, os irmãos ajudavam trabalhavam com a avó vendendo acarajé na praia de Itapuã. A idosa, que preferiu não revelar a identidade, contou que o ataque aconteceu após eles tirarem uma foto supostamente fazendo sinais com as mãos, que podem ter sido confundidos com gestos de facções.

Um amigo dos irmãos, que também estava no passeio, foi atingido por um tiro de raspão no pé direito. Ele contou que estava distante de Gustavo e Daniel no momento do ataque, mas foi atingido no momento que se assustou e correu para fugir dos tiros.

 

“Foi uma coisa rápida, os caras chegaram em uma moto e um carro, já atirando”, afirmou o jovem, que preferiu não revelar a identidade.

 

A autoria e motivação do crime serão apurados pela Policia Civil. Os corpos foram levados para necropsia no Instituto Médico Legal (IML) de Camaçari. Não há informações sobre o velório e sepultamento dos irmãos.

Irmãos percussionistas do Malê Debalê morrem após ataque a tiros com quatro pessoas baleadas na Bahia — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Irmãos percussionistas do Malê Debalê morrem após ataque a tiros com quatro pessoas baleadas na Bahia — Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

Ao Bahia Meio Dia, programa da TV Bahia, o presidente do Malê Debalê, Cláudio Araújo, disse que acredita que os jovens foram confundidos com outras pessoas, porque eles não tinham envolvimento com a criminalidade.

 

“Foi uma noite pesada, que eu não dormi, porque foram quatro jovens baleados e dois deles perderam a vida. Eles não fazem parte do que fizeram eles perder a vida”, lamentou.

 

Segundo Cláudio Araújo, Daniel e Gustavo eram jovens que dividiam a rotina entre tocar instrumentos no Malê Debalê e vender acarajés com a avó.

"Quando não estavam lá, estavam aqui apertando instrumentos, arrumando a sede e fazendo apresentações. Ninguém venha me dizer que eles estavam envolvidos com crime".

 

"Estou muito triste, acho que foi um erro grotesco, porque isso não era para esses jovens”, afirmou Cláudio Araújo.

 

O Malê Debalê foi fundado em 1979, em Itapuã, onde eles viviam. A agremiação foi criada por moradores que desejavam ver o bairro representado no carnaval de Salvador, e se tornou um dos principais blocos afros da folia baiana.

A dança e a música feitas pelo grupo têm forte ligação com a tradição de origem africana. O nome é uma homenagem aos Malês, negros muçulmanos que lutaram contra o processo de escravidão e representaram, na Bahia, uma resistência ativa.

 
Crime aconteceu no Emissário de Arembepe — Foto: Divulgação/Prefeitura de Arembepe

Crime aconteceu no Emissário de Arembepe — Foto: Divulgação/Prefeitura de Arembepe

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