Policial militar acusado de matar dono de lava-jato a tiros no interior da Bahia é preso
Bahia
Publicado em 20/08/2024

O policial militar Roberto Costa Miranda, de 30 anos, foi preso na noite de segunda-feira (19), acusado de matar o dono de um lava-jato a tiros, em julho deste ano, na cidade de Feira de Santana, a 100 km de Salvador. Uma câmera de segurança registrou o momento do crime. 

A vítima foi identificada como José Luiz Borges Santos, de 41 anos. As imagens, que são utilizadas pela Polícia Civil nas apurações, mostram que o empreendedor trabalhava ao lado de um funcionário, quando sofreu o ataque.

Roberto Costa Miranda se apresentou voluntariamente à Corregedoria da Polícia Militar, onde foi detido. Ele está custodiado no Batalhão de Choque da PM, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.

 

Segundo a Delegacia de Homicídios de Feira de Santana, no primeiro depoimento, o policial negou envolvimento no crime. No entanto, as investigações o apontaram como autor dos disparos, Roberto Costa Miranda retornou à delegacia e confessou o crime.

Com a conclusão do inquérito e a reunião das provas, o caso foi encaminhado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), que se posicionou a favor da prisão preventiva. Com isso, ele deixou ser considerado um suspeito e passou a responder como réu por homicídio qualificado no processo.

 

O crime

 

Vídeo mostra momento em que dono de lava-jato é morto a tiros em Feira de Santana — Foto: Arquivo pessoal

Vídeo mostra momento em que dono de lava-jato é morto a tiros em Feira de Santana — Foto: Arquivo pessoal

 

No vídeo, um homem de capacete e com arma em punho entra no local às 15h55 do dia 22 de julho. Nesse momento, José Luiz lavava um carro na área externa do estabelecimento e, ao perceber a presença do suspeito, tentou se esconder no escritório, mas foi perseguido e baleado várias vezes.

José Luiz morreu na hora. A esposa da vítima também estava no lava-jato e pediu para o atirador não assassinar o companheiro. Ela ainda relatou que foi ameaçada pelo suspeito.

 

"Quando ele entrou logo, apontou a arma para mim. Eu levantei as mãos e gritei. Eu pedi, implorei [para ele não matar José Luiz]", contou a mulher, que teve a identidade preservada por motivo de segurança.

 

Roberto Costa Miranda é lotado na 22ª Companhia da PM, em Valença, no baixo sul. Ele também é advogado e estudante de medicina. No dia do crime, a Polícia Militar da Bahia emitiu nota e afirmou que o caso seria apurado na esfera administrativa, contudo, omitiu o nome do agente.

 

Primeiro depoimento do PM

 

Policial militar é suspeito de matar dono de lava-jato em Feira de Santana — Foto: Reprodução/TV Subaé

Policial militar é suspeito de matar dono de lava-jato em Feira de Santana — Foto: Reprodução/TV Subaé

 

O PM se apresentou espontaneamente na delegacia, no dia 23 de julho, e foi liberado após prestar depoimento. Conforme apurações, ele estava acompanhado de dois advogados, negou ser o autor do homicídio e alegou que estava fora da cidade quando tudo aconteceu.

Ele não ficou preso porque, segundo a polícia, estava fora do período de flagrante e não havia mandado de prisão preventiva contra ele. Por meio de nota, a Polícia Civil informou que foram coletados elementos para reforçar as investigações, assim como a elucidação do crime.

Entre esses elementos estava o par de tênis que o investigado calçava quando esteve na delegacia, pois análises das imagens da câmera de segurança mostraram semelhanças do calçado com o que foi usado pelo suspeito da ação.

A polícia também solicitou a pistola do agente, todavia, Roberto justificou não estar em posse, porque, segundo ele, a arma desapareceu cinco dias dele prestar depoimento.

 
 

 

Versão da família

 

Um familiar da vítima, que não quis se identificar, contou que a desavença entre os dois começou horas antes do crime, por volta de meio-dia, depois que José Luiz tomou conhecimento de que o suspeito havia mantido relações sexuais com uma filha dele, que tem 18 anos, mas na época tinha 17.

 

O pai se revoltou com a diferença de idade entre a filha dele e o PM, que tem 30 anos, e com o fato da jovem ser menor quando tudo aconteceu. José Luiz procurou o homem para tomar satisfações e ameaçou denunciá-lo para a Corregedoria da Polícia Militar.

O agente respondeu que a denúncia "não daria em nada" e que iria "grandão" para cima do pai, caso ele procurasse a polícia.

José Luiz deixou duas filhas, uma de 18 e outra de 11 anos, além da companheira. O corpo dele foi sepultado sob forte comoção em Feira de Santana.

José Luiz Borges Santos, de 41 anos, era dono de lava-jato e foi morto a tiros no estabelecimento — Foto: Arquivo pessoal

José Luiz Borges Santos, de 41 anos, era dono de lava-jato e foi morto a tiros no estabelecimento — Foto: Arquivo pessoal

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