Às vésperas do São João, homem fica ferido após explosão em fábrica clandestina de 'espadas' em cidade do norte da Bahia
Bahia
Publicado em 17/06/2024

Um homem ficou ferido após uma explosão em uma fábrica clandestina de artefatos explosivos, conhecidos popularmente como "espadas", no domingo (17), na cidade de Filadélfia, no norte do estado.

 

De acordo com informações apuradas, equipes da Polícia Militar foram acionadas para a ocorrência e ajudaram a debelar os focos de incêndio. Na fábrica clandestina, os agentes encontraram estilhaços de telha, fora do imóvel, e uma parede caída.

No local, os agentes não encontraram nenhuma pessoa, mas foram informados que um homem havia ficado ferido com a explosão. Ele foi encaminhado para uma unidade de saúde, mas não há detalhes sobre seu estado de saúde.

 
 
 

Durante a ocorrência, a Polícia Militar localizou 172 "espadas" juninas. O material encontrado foi apreendido e apresentado na delegacia, para adoção das medidas legais cabíveis.

Homem ficou ferido após uma explosão em uma fábrica clandestina de artefatos explosivos, conhecidos popularmente como "espadas", no domingo (16), na cidade de Filadélfia, no norte do estado. — Foto: Reprodução/TV São Francisco

Homem ficou ferido após uma explosão em uma fábrica clandestina de artefatos explosivos, conhecidos popularmente como "espadas", no domingo (16), na cidade de Filadélfia, no norte do estado. — Foto: Reprodução/TV São Francisco

 

Mulher é presa por venda ilegal de "espadas"

 

Uma mulher foi presa em flagrante no sábado (15), por venda ilegal de artefatos explosivos conhecidos popularmente como "espadas". O material foi encontrado na cidade de Senhor do Bonfim, no norte da Bahia.

 

De acordo com a Polícia Civil, 73 unidades foram apreendidas em um imóvel no bairro Santos Dumont, após denúncias anônimas.

A mulher que foi presa não teve nome divulgado. Conforme a PC, ela passou por exames de lesão corporal e foi encaminhada ao Conjunto Penal de Juazeiro, onde permanece à disposição da Justiça.

Espadas foram apreendidas em Senhor do Bonfim, no norte baiano — Foto: Ascom/PC-BA

Espadas foram apreendidas em Senhor do Bonfim, no norte baiano — Foto: Ascom/PC-BA

Embora seja proibida, a "guerra de espadas" é uma tradição do período junino do município, que é conhecido como "capital baiana do forró" e realiza uma das maiores festas de São João na Bahia.

Senhor do Bonfim tem uma Associação Cultural de Espadeiros, que defende e preserva a prática, cujos primeiros registros datam dos anos 30. Em 2019, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux proibiu a guerra de espadas na cidade. A entidade tentou vários recursos contra a decisão judicial, porém, não obteve êxito.

 
Guerra de 'espadas' em Senhor do Bonfim, no São João de 2022 — Foto: Reprodução/TV São Francisco

Guerra de 'espadas' em Senhor do Bonfim, no São João de 2022 — Foto: Reprodução/TV São Francisco

Na quarta-feira (13), o Ministério Público da Bahia (MP-BA) promoveu, na Câmara de Vereadores, uma reunião para discutir a prática de soltura de espadas no São João do município. O encontro foi presidido pelas promotoras de Justiça Aline Curvêlo Tavares de Sá e Itala Suzana da Silva Carvalho, e realizado após solicitação do Conselho de Política Cultural de Senhor do Bonfim.

Na ocasião, elas destacaram a importância do respeito à cultura dos festejos juninos, mas também o cumprimento às leis e ao posicionamento institucional de decisões judiciais, que já se manifestaram pela ilegalidade da prática.

Na terça-feira (11), o MP-BA recomendou que o município de Governador Mangabeira, no recôncavo, adote providências para impedir o uso desses tipos de fogos de artifício durante o São João e as festas de Dois de Julho, quando é celebrada a Independência do Brasil na Bahia.

 

A orientação também foi encaminhada às polícias Civil e Militar para que sejam realizadas diligências para localizar depósitos, fabricantes, vendedores e compradores do artefato no município, com a devida apreensão do material eventualmente encontrado.

Moradores de Periperi em guerra de espadas na capital baiana, em 2023 — Foto: Reprodução/TV Bahia

Moradores de Periperi em guerra de espadas na capital baiana, em 2023 — Foto: Reprodução/TV Bahia

As mesmas recomendações deverão ser repassadas pelo órgão nos próximos dias para prefeituras de outras cidades baianas que têm as "guerras", como Muritiba e Cruz das Almas, também no recôncavo, além de Salvador.

Mesmo com a proibição, que está em vigor em todo o território baiano desde 2017, os chamados "espadeiros" costumam se reunir em datas e locais previamente agendados para soltar os artefatos, que podem causar ferimentos graves.

 

No texto enviado para Governador Mangabeira, a promotora de Justiça Horthênsia Leão destacou que "é crime fabricar, possuir ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, com previsão de pena de três a seis anos de prisão".

 

Casos recentes

 

Na última quinta-feira (13), um homem foi preso em Santo Antônio de Jesus, no recôncavo, por suspeita de comandar a produção clandestina de fogos de artifício em quatro propriedades rurais do município. A prisão aconteceu durante ação da Coordenação de Fiscalização de produtos Controlados (CFPC).

Na fiscalização, foram apreendidos 120 kg de pólvora a granel, 370 kg de nitrato de potássio e 18 metros cúbicos de fogos clandestinos. Segundo a polícia, todo o material serial vendido de forma irregular em feiras livres de Santo Antônio de Jesus e outras cidades baianas.

 

O suspeito, que não teve nome divulgado, foi encaminhado para a delegacia de Santo Antônio de Jesus, onde foi autuado em flagrante por posse, armazenamento e fabricação de artefato explosivo e incendiário. A pena varia de três a seis anos de reclusão. As fábricas clandestinas foram fechadas e o material será destruído.

Material foi encontrado na zona rural de Santo Antônio de Jesus — Foto: Polícia Civil

Material foi encontrado na zona rural de Santo Antônio de Jesus — Foto: Polícia Civil

Além da prisão em Santo Antônio de Jesus, no mesmo dia uma feira de fogos foi interditada em Serrinha, a 180 km de Salvador, por não atender aos critérios mínimos necessários para armazenar e comercializar os produtos.

As fiscalizações e apreensões desse tipo de material são feitas para o cumprimento da sentença da Corte Intramericana de Direitos Humanos. A medida foi tomada após a explosão de uma fábrica clandestina em Santo Antônio de Jesus, em 1998. Na época, 64 pessoas morreram, entre elas crianças.

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