No texto, divulgado pela revista Focus, Joseph Ratzinger explica que o motivo central de sua renúncia à liderança da Igreja Católica em fevereiro de 2013 foi a "insônia que o acompanhava sem interrupção desde a Jornada Mundial da Juventude de Colônia", em agosto de 2005, meses depois de ter sido eleito sucessor de João Paulo II.
O médico particular do pontífice receitou remédios na ocasião, que em um primeiro momento permitiram a manutenção da carga de trabalho. Mas, de acordo com a carta, os soníferos atingiram seus limites com o tempo.
Tomar remédios para dormir também teria provocado um incidente durante uma viagem ao México e a Cuba em março de 2012.
Na primeira manhã da viagem, Bento XVI encontrou seu lenço "totalmente encharcado de sangue", segundo a carta citada pela revista Focus. "Devo ter batido em alguma coisa no banheiro e caído", escreveu.
Depois de um atendimento médico, os ferimentos não ficaram visíveis. Um novo médico insistiu, depois do incidente, por uma redução do uso de pílulas para dormir por parte de Bento XVI. Também recomendou que ele só participasse de eventos matinais durante as viagens ao exterior.
Na carta, Ratzinger afirma que tinha consciência de que as restrições médicas "seriam possíveis apenas por um curto período de tempo".
A constatação o levou a renunciar em fevereiro de 2013, poucos meses antes da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, que ele não se considerava capaz de enfrentar.
Desta forma, ele renunciou ao posto de líder da Igreja Católica com antecedência suficiente para permitir que seu sucessor, o papa Francisco, cumprisse a visita ao Brasil.
Seu pontificado foi marcado por várias crises, como o escândalo Vatileaks em 2012, que revelou uma ampla rede de corrupção no Vaticano, ou os casos de abusos sexuais contra menores de idade cometidos por religiosos em vários países.
O Papa Bento XVI (Joseph Ratzinger) em visita à cidade de Aparecida em maio de 2007 — Foto: José Patrício/Estadão Conteúdo/Arquivo