Um porta-voz do Talibã afirmou, nesta terça-feira (17), que o grupo se compromete a honrar os direitos das mulheres, desde que dentro das normas da lei islâmica.
Zabihullah Mujahid, o porta-voz, deu a primeira entrevista coletiva desde que o grupo extremista tomou o poder no Afeganistão, no domingo.
O porta-voz foi questionado sobre como serão os direitos das mulheres no país. Quando o Talibã esteve no poder, na década de 1990, os direitos e liberdades das mulheres foram severamente restritos.
Na entrevista, Zabihullah Mujahid afirmou que as mulheres poderão trabalhar. Um dos presentes perguntou se elas vão poder trabalhar como jornalistas. Mujahid não deu uma resposta definitiva.
"Vamos esperar a formação do governo e os decretos de lei, e então podemos ver como serão as leis e regulamentações", disse.
Situação dos jornalistas
Mujahid também disse que o Talibã quer que a mídia privada "continue independente", mas ele salientou que os jornalistas "não devem trabalhar contra os valores islâmicos".
O porta-voz afirmou que o Afeganistão é uma nação islâmica, como era há 20 anos, mas que há uma grande diferença entre o grupo hoje e o grupo que governou há mais de 20 anos.
Anistia e proibição a grupos terroristas
Mujahid disse que o Afeganistão não vai abrigar ninguém que tenha como alvos outros países —ou seja, ele afirmou que grupos terroristas não poderão usar o país para se estabelecer e treinar. Essa foi uma das principais demandas do acordo feito entre o grupo extremista e o governo dos EUA durante a gestão de Donald Trump, que determinou a saída das tropas lideradas pelos EUA do Afeganistão neste ano.
O porta-voz do Talibã disse que o grupo vai garantir o domínio no país depois de ter tomado as capitais em um avanço muito rápido na semana passada.
Ele disse que os insurgentes não tentaram se vingar e insistiu que todos foram perdoados pelo Talibã, mesmo quem trabalhou para o antigo governo ou para forças estrangeiras.
"Nós garantimos que ninguém vai bater na porta das casas para perguntar quem os moradores ajudaram", afirmou.
Ele também disse que haverá anistia para os soldados que defenderam o governo que ruiu na última semana e também para quem prestou serviços ou trabalhou com tradução para forças estrangeiras.
Sem detalhes, por enquanto
O governo ainda está sendo formado, e as leis serão decididas depois disso, ele afirmou.
O porta-voz também disse que o Afeganistão vai ser um país livre de narcóticos, e que ele espera que seja possível cultivar outras plantações, diferentes de papoula, que é usada como base para sintetizar drogas.
"Todas as fronteiras estão sob nosso controle. Não vai haver tráfico de armas. Todas as armas usadas nos confrontos serão registradas", disse ele.
O país, disse ele, quer ter boas relações com todos, reaquecer a economia e "garantir que haja prosperidade na saída da crise".